Não sei como começar, por onde começar… É difícil quando, por cada cabelo, tenho algo para pensar.
A cabeça do ser humano, contrariamente à cabeça de um animal irracional, não se rege apenas por necessidades físicas e biológicas. A nossa cabeça junta a todas essas necessidades básicas da natureza as necessidades do foro psicológico.
É aí que temos o caldo entornado. É aí, calma. É óbvio que, de pessoa para pessoa, isso é relativo. Cada um aprende a lidar, à sua maneira, com as diversas situações que se despontam ao longo da vida. Tudo é uma questão de tempo. O tempo é o denominador comum das nossas vidas. Assim como a água é fundamental para o nosso organismo, o tempo é essencial para a nossa intelectualização. Nascemos, crescemos e ininterruptamente estamos a aprender. Todos os minutos, todas as horas, todos os dias. Uma aprendizagem com os outros e com nós próprios. Aprendemos com os erros e, mesmo assim, voltamos a errar. É. É ridículo, mas a nossa imperfeição tem destas coisas.
Não somos sábios, não somos engenhosos, não somos nada. Nada somos de criação. Tornamo-nos naquilo que somos através da recolha de informação a que estamos sujeitos a cada dia que passa. Regra geral, não passamos de criaturas amestradas por domesticadores pacientes e dispostos a amar sobre todas as coisas. Porém, não há regra sem excepção. É óbvio que não somos, obrigatoriamente, o produto exclusivo dos nossos pais e/ou tutores que acompanham o nosso desenvolvimento. Há tanta gente que o não é. O nosso propósito, aqui, neste mundo, pode ser variado. Temos uma infinda quantidade de realidades para absorver. Um conhecimento vasto que ainda não foi inteiramente descoberto. De sol a sol, experimentamos sensações mil. Sensações, emoções e sentimentos. A nossa mente é assim. Completamente completa e, até, quem sabe, ainda incompleta. Sim, incompleta. Porquê? Porque somos seres insatisfeitos.
A nossa insatisfação leva à procura de cada vez mais e melhor. Uns mais do que outros, claro. Não somos todos iguais! Esta procura da famosa falácia designada por perfeição é um encorajamento, contudo, em situações de aperto, pode virar desânimo. Leva-nos a pensar que, perante casos de pura amargura e sofrimento, não há soluções, não há uma luz ao fundo do túnel, faz-nos perder a esperança. Não pode. O encorajamento, nestes casos, deve perdurar, independentemente do quão difícil possa ser o caso. Afinal, a esperança é a última a morrer!
A tendência é complicar o simples. Sim, eu sei do que falo.
Não pode! Não posso! Não podemos! Descomplica! Descomplico! Descomplicamos!
Para todo o problema há solução. Interiorizando esta frase, tudo começa a ficar mais simples. A luz, ainda que pequena, começa a surgir.
O resto vem com o tempo. E o tempo ajuda-nos a organizar as ideias. Sozinhos, com familiares ou amigos… como nos sentirmos melhores. O tempo ajuda-nos a reflectir. O tempo traz a confiança de que o amanhã será melhor, traz a aceitação de que agora a vida mudou e não é por isso que devemos desistir…
O tempo é vagaroso, mas traz frutos.
Basta querer.
Daniela Barra