Os teus não sei…mas os meus sim. O quadro é belo, não o posso negar.
A obra não é nítida e presumo que não esteja acabada. É uma pintura que se constrói aos poucos e, pelos vistos, a construção vai de vento em popa. São vários os sentimentos despertados, numa primeira olhadela. Porém, se contemplares durante uns bons minutos, irás perceber que apenas dois sentimentos, na realidade, ele desperta. O teu sentimento e o sentimento daquilo que está esboçado.
Há uma mistificação do momento.
As cores que constroem e envolvem o cenário tornam a beleza dos gestos pintados numa infinita inveja que te agarra e sufoca. Uma inveja que não mata, mas que corrói. Darías tudo para poderes ter os teus sentimentos assim. Mentira. Tu darías tudo para poderes ter um quadro assim. Assim não. Um quadro próprio, um quadro teu. Teu e dele. Um quadro que apenas tivesse o teu sentimento, o vosso sentimento. Um sentimento abstrato. Único. Místico. Recíproco.
Do outro mundo.
Quem sabe um dia! Um dia vais ter, tal como eu, tal como cada um que quiser, um quadro único. Um esboço deslumbrante do teu sentimento marcante. Uma obra de arte de fazer inveja a qualquer um. A um desconhecido, ao teu melhor amigo, à tua prima… Qualquer um que ainda não se tenha dedicado à arte abstrata de amar um momento especial, que deve ser fotografado para poder ser contemplado todos os dias por ti, ou por aqueles que te acompanham e seguem.
Daniela Barra