Pode um quadro destruir todos os teus sonhos?

Os teus não sei…mas os meus sim. O quadro é belo, não o posso negar.

A obra não é nítida e presumo que não esteja acabada. É uma pintura que se constrói aos poucos e, pelos vistos, a construção vai de vento em popa. São vários os sentimentos despertados, numa primeira olhadela. Porém, se contemplares durante uns bons minutos, irás perceber que apenas dois sentimentos, na realidade, ele desperta. O teu sentimento e o sentimento daquilo que está esboçado.

Há uma mistificação do momento.

As cores que constroem e envolvem o cenário tornam a beleza dos gestos pintados numa infinita inveja que te agarra e sufoca. Uma inveja que não mata, mas que corrói. Darías tudo para poderes ter os teus sentimentos assim. Mentira. Tu darías tudo para poderes ter um quadro assim. Assim não. Um quadro próprio, um quadro teu. Teu e dele. Um quadro que apenas tivesse o teu sentimento, o vosso sentimento. Um sentimento abstrato. Único. Místico. Recíproco.

Do outro mundo.

Quem sabe um dia! Um dia vais ter, tal como eu, tal como cada um que quiser, um quadro único. Um esboço deslumbrante do teu sentimento marcante. Uma obra de arte de fazer inveja a qualquer um. A um desconhecido, ao teu melhor amigo, à tua prima… Qualquer um que ainda não se tenha dedicado à arte abstrata de amar um momento especial, que deve ser fotografado para poder ser contemplado todos os dias por ti, ou por aqueles que te acompanham e seguem.

Daniela Barra

Clausura

Imagem

Clausura

Nada faz sentido, realmente… Os meus contínuos e intensos encontros marcados com a minha querida física, a minha esplendorosa matemática e a minha tórrida fisiologia estão a conseguir que nada faça sentido para mim. Misturar sinapses com diferenciais, oscilações com bombas de sódio-potássio, primitivas com ressonâncias e sistema nervoso periférico… Ai! Já me perdi… Vou voltar às sebentas! Inté…

“deixas-me só sempre a pensar”

Tento saber como é que vai ser
se posso viver sem ti, tento
fugir mas eu só penso
na hora em que estás aqui!
Tu nunca vens e quando apareces
finges que não há nada
deixas-me só sempre a pensar
que chegámos ao fim da estrada

Pode parecer que sou livre mas eu estou preso a ti
às vezes disfarço e não consigo
mas eu só penso na hora em que estás aqui!

Ligas para mim eu vou até aí
depois dizes que não podes
prometo que não te quero ver mais
até que tu não me largues!

Não vejo ninguém vou por ai
deixo passar as horas
chamo-te nomes, grito contigo
e tu dizes que me adoras!

Pode parecer que sou livre mas eu estou preso a ti
às vezes disfarço e não consigo
mas eu só penso na hora em que estás aqui!

Tento manter a calma às vezes
parece que não te ligo
pode parecer até que te esqueço
mas só quero estar contigo
Tento dizer adeus e tu deixas
sempre uma porta aberta
tento esconder, fujo p’ra noite
acordo de uma directa.

Pode parecer que sou livre mas eu estou preso a ti
às vezes disfarço e não consigo
mas eu só penso na hora em que estás aqui!

Ala dos Namorados

Acorda

Nunca estás satisfeito. Nunca te sentes completo. Esperas sempre por mais. Sabes que queres mais. Sabes que te sabe a pouco. Sabes aquilo que queres e mesmo assim…continuas aqui. Porquê?

Acorda. Abre os olhos.

Vai contra aquilo que és. Procura não passar despercebido e luta por aquilo que queres. Sonha. Mas realiza.

de quatro não é de seis

Por muito que te sejam dados conselhos, és tu quem descobre como sobreviver a cada obstáculo.

Sim. Diziam-me que iam ser os melhores dias, diziam-me para aproveitar, outros, porém, diziam-me que seriam dias difíceis, para me preparar psicologicamente e fisicamente…

Tudo depende da perspectiva, tudo depende da personalidade e da vivência de cada um.

Foram dias complicados, sim, não posso negar. Foram dias incansavelmente intermináveis (e vão continuar a sê-lo). MAS, sem eles não seria a mesma coisa. Claro que os avisos de todos os experientes que por lá passaram foram, e continuam a ser, uma mais valia e eu agradeço, a cada um, pelos conselhos. E eles sabem. Eles sabem o quão difícil foi, eles sabem o quanto custou. E não se arrependem de nada. Pelo menos é o que nos confessam.

Ninguém disse que seria fácil.

Há dias em que não nos apetece nem um bocadinho ir, há outros que ficamos super empolgados, é conforme os dias. É conforme as circunstâncias. Apesar de toda a tortura, não deixam de ser momentos estrondosos que nos libertam. E libertam o peso de todo este novo ritmo e acrescento de responsabilidades.

É a tradição, é o lema, é o que lhe quiserem chamar. É aprender que nada se consegue de mão beijada, que para conseguirmos um fim temos um longo e trabalhoso caminho para percorrer. Ninguém gosta, mas é assim que deve ser.

(…)

No final das contas, perdemos peso, ganhamos músculo e acima de tudo crescemos.

Daniela Barra