Admirável mundo novo

As novas tecnologias vieram revolucionar o mundo.

Com todas estas inovações, desde o telemóvel ao computador, não esquecendo a televisão, é-nos possível estar em contacto com os quatro cantos do mundo. Tornámo-nos numa aldeia global, estabelecendo ligações pertinentes com o resto do mundo.

Sem dúvida que foram mudanças extremamente vantajosas. Aproximaram famílias, facilitaram a procura de emprego, possibilitaram a troca de opiniões, entre outras coisas mais.

A necessidade de estar ligado aos meios de comunicação cresceu exponencialmente. Todos queremos estar informados, actualizados, em todos os níveis. Emprego, notícias do país e do mundo, novas tecnologias, novos produtos, novas invenções, estreias de filmes, novas tendências, receitas de culinária… A internet e a televisão têm de tudo!

A visibilidade que estes meios vieram trazer só nos veio criar dependência, isto porque, como seres humanos que somos, somos influenciáveis e, portanto, queremos acreditar em tudo o que a televisão e a publicidade nos oferecem. Queremos ser como os famosos perfeitos que vemos nos ecrãs!

As redes sociais, para além de nos permitirem estabelecer contacto com os nossos amigos virtuais, são uma forma de nos expormos, de nos afirmarmos, de defendermos pontos de vista, de partilhar interesses e gostos e, para aqueles que procuram popularidade, são um concurso, ou melhor, tornam-se num concurso virtual de likes!

Esta popularidade efémera, pois não passa disso, é ridícula. A popularidade é desnecessária, mas pronto… as pessoas (algumas – principalmente jovens) insistem em ter os cinco minutos de fama!…

Para se ter sucesso é preciso trabalhar. O trabalho deve ser reconhecido. Deve, por isso, ser um trabalho do agrado de cada um, seja trabalho de jornalistas, atores, professores, enfermeiros… Porém, nos casos de profissões com maior visibilidade e exposição (atores, cantores, apresentadores…), os meios de comunicação são imprescindíveis. O contacto com o público, nestes casos, é fulcral.

Talvez, por isto, cada um dos jovens de hoje, que é «vidrado» no facebook, sinta a necessidade súbita de ter imensos likes, para também ter alguma notoriedade no seu próprio mundo.

Há uma desvalorização dos verdadeiros e humildes atos que realmente engrandecem cada individuo, nos dias que correm… A necessidade de ser popular tornou-se algo extremamente fútil, pois é uma popularidade material.

(Composição do meu exame de português 12º ano)

Daniela Barra

Ela

Ela sempre foi reservada.

Nunca gostou de dar nas vistas, passar despercebida era o seu objectivo. Claro que sempre se interessou por estar bem apresentável e, acima de tudo, bem disposta, porém nem sempre era bem sucedida. Isto porque Complicada era o seu nome do meio.

Para qualquer situação, ocasião ou compromisso, pensava duas vezes e imaginava todos os possíveis e impossíveis «ses». Complicada, problemática e difícil. Para tudo, mesmo tudo, conseguia arranjar um problema.

Ela.

Ela era uma pessoa como todas as outras. Cabeça, pescoço, tronco e membros.

Uma amiga sempre preocupada e atenta àqueles que lhe eram mais chegados. Apesar de envergonhada, era muito sociável, sempre com um sorriso disponível, mesmo que, por vezes, tímido, corado, ou disfarçado, em alturas menos boas.

Sem que soubesse, era um constante tema de conversa. Era tida como algo “inalcançável”. Um ser interessante e apetecido, porém despercebido.

Ela, pouco astuta na matéria, desconfiava. Ela, se calhar até sabia, só não queria por os óculos.

Cortejada e bajulada, nunca se tornara cativa. O medo e as inseguranças venceram-na sempre e devastaram corações muitos.

O seu encanto era este…

Uma rapariga de beleza estonteante com um coração grande, porém egoísta. Uma contrariedade que eles elevaram ao topo, para agrado de umas e inveja de outras, mas que nunca, por mais perto que tenham chegado, conseguiram alcançar.

Ela era o “fruto proibido”.

Mas quem era Ela afinal?

Daniela Barra

Pode um quadro destruir todos os teus sonhos?

Os teus não sei…mas os meus sim. O quadro é belo, não o posso negar.

A obra não é nítida e presumo que não esteja acabada. É uma pintura que se constrói aos poucos e, pelos vistos, a construção vai de vento em popa. São vários os sentimentos despertados, numa primeira olhadela. Porém, se contemplares durante uns bons minutos, irás perceber que apenas dois sentimentos, na realidade, ele desperta. O teu sentimento e o sentimento daquilo que está esboçado.

Há uma mistificação do momento.

As cores que constroem e envolvem o cenário tornam a beleza dos gestos pintados numa infinita inveja que te agarra e sufoca. Uma inveja que não mata, mas que corrói. Darías tudo para poderes ter os teus sentimentos assim. Mentira. Tu darías tudo para poderes ter um quadro assim. Assim não. Um quadro próprio, um quadro teu. Teu e dele. Um quadro que apenas tivesse o teu sentimento, o vosso sentimento. Um sentimento abstrato. Único. Místico. Recíproco.

Do outro mundo.

Quem sabe um dia! Um dia vais ter, tal como eu, tal como cada um que quiser, um quadro único. Um esboço deslumbrante do teu sentimento marcante. Uma obra de arte de fazer inveja a qualquer um. A um desconhecido, ao teu melhor amigo, à tua prima… Qualquer um que ainda não se tenha dedicado à arte abstrata de amar um momento especial, que deve ser fotografado para poder ser contemplado todos os dias por ti, ou por aqueles que te acompanham e seguem.

Daniela Barra