Volta

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Volta,
Fica só mais um segundo.
Espera-te um abraço profundo,
Nele damos voltas ao mundo,
No amor mergulhamos a fundo.
Quero-te só mais um momento
Para pintar o teu céu cinzento,
Marcar o teu rosto no meu peito,
Recrearmos um dia perfeito.
Volta para bem dos meus medos,
Preciso de ti nos meus dedos,
De acordar-te sempre com segredos…
Com um sorriso paravas o tempo!
Volta porque não aguento,
Sem ti tudo ficou cinzento.
Prefiro ter-te com todos os defeitos
Do que não te ter no meu peito.
Porque sem ti não consigo,
Volta para me dar sentido.
Sou apenas um corpo perdido,
Por isso só te peço que voltes.

Volta. Volta. Volta. Volta. Volta.

Mas tu não voltas,
Partiste para outro mundo,
Deixaste-me aqui bem no fundo,
Só peço por mais um segundo…
Volta só por um segundo.

“Volta” de Diogo Piçarra.

Dia do Pai

Estar com o nosso pai neste dia é o mais importante. Hoje, uma vez mais, não posso estar com o meu. Mas pelo menos pude ouvir a voz dele, pude perguntar-lhe como foi o dia. É por isso que hoje agradeço.
Neste dia tão especial, a ti, que perdeste o teu pai, desejo a maior força. A maior coragem. Perder alguém não é fácil.
Tu és uma lutadora, cheia de garra e ambição. És uma pessoa bondosa e amável. Mas hoje desmoronaste. Caíste num chão sem fim. Deves estar num sufoco. Sem apetite, com nós na garganta, mergulhada em lágrimas. Chora, amiga, chora. Chora tudo.
Não é fácil.
Quando recebi mensagem com a notícia, não consegui conter as lágrimas. Passaram-me mil e uma coisas na cabeça. As idas à praia no verão, as noites aí em casa, as festas e o bailarico, o baloiço, tantas coisas. O teu pai brincava sempre a dizer que parecíamos irmãs. Tinha um carinho grande por ele. Aquelas piadas que ele contava ao jantar, apanhava-me sempre. Os anos passam mas as pessoas ficam. O teu pai gostava imenso de ti. Gosta. Gostará. Ele vai estar sempre contigo. Sempre a apoiar e a dar força.
Tenho aqui uma flor para te ir levar. Eu queria ir dar-te um abraço, mas não consigo…
Onde quer que ele esteja, estará sempre contigo. Orgulhoso de ti.

O muito que sabe a pouco

É estranho ter a casa cheia e ao mesmo tempo sentir a casa vazia.

Mas a vida continua, a vida não pára e nós temos de continuar a vivê-la enquanto por cá estamos. Parece egoísta da minha parte dizer isto. Mas a realidade é esta. Por muito que nos custe, o não estar fisicamente com as pessoas torna-nos capazes, não de esquecer, mas de nos habituarmos à ideia de que agora é assim e de que conseguiremos sobreviver.

O tempo é o melhor aliado.

Não cura. Remedeia. Daí que eu sinta a casa cheia e me alegre por isso, mas sinta a falta de algo. É o muito que sabe a pouco. Porque aqueles que sempre nos acompanharam nunca serão esquecidos. Porque aqueles que amamos nunca serão apagados do nosso coração.

Daniela Barra

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades?

   Ela sabia que, chegada a esta etapa, a dada altura as coisas mudariam. Ela tinha perfeita noção de que cada um, percorrendo o seu trilho, aos poucos e poucos, consciente ou inconscientemente, se afastaria.
    A verdade é que aos poucos, as caras mais conhecidas pelos seus olhos durante dias, meses, anos…não desapareceram.
      Felizmente.
   Porém, foram-se tornando meras imagens e interacções virtuais. Por vezes, cruzavam-se, cumprimentavam-se e pronto. Meras casualidades que não fortalecem relações, apenas não deixam que a relação se desvaneça.
    Cada um é dono de seu nariz, cada um tem as suas actividades, cada um tem as suas funções e/ou até mesmo trabalho, obviamente, o que dificulta um concílio no que toca a combinar algo. É aí que podem ou não surgir as facadas. Há sempre alguns que não podem presenciar, porque não dá. É sempre preferível a companhia de outro grupo, ou não sei. Entre outros casos. Há inúmeras circunstâncias, pelo que sei. Ela exagera, talvez. E eu, talvez, a perceba. Eles não se esquecem dEla, eles simplesmente já tem coisas combinadas, coisas que não podem ser desmarcadas, assim como têm eles, tem ela também.
  Claramente que há diversos casos, diversas pessoas e diversas relações com intensidades diferentes. Há coisas que, apesar de não estarem em contacto, ela sabe que não mudam. Ela sabe que, caso necessite, basta premir uma tecla do telemóvel e pronto. Ela sabe, mas… A sua insegurança está sempre presente e por mais que saiba que os amigos estarão lá sempre, ela não deixa de conseguir mostrar uma pontinha de receio.
      No fundo, é por muito gostar deles, por ter estado de tal forma afeiçoada a eles, que ela receia e, por vezes, se sente só.